Stevens
conceitua a mensuração como uma atribuição de números a objetos ou eventos, de
acordo com regras, esse conceito pode ser adotado na contabilidade visto que na
contabilidade podemos mensurar diferentes objetos de diversas maneiras, como
ativos que são mensurados ao valor justo e custo histórico.
Godfrey
(2010) aborda que cada mensuração é feita em uma escala, assim, cada mensuração
na contabilidade pode trazer diferentes resultados, vistos que a escala
utilizada é diferente.
Godfrey
(2010) aborda que existem 4 tipos de escalas, a escala nominal, a escala
ordinal, a escala de intervalo e a escala de proporção. A escala nominal é
aquela onde os números são usados para ordenar uma sequência, a escala ordinal
é criada quando uma operação classifica os objetos em questão a respeito de uma
determinada propriedade, a escala de intervalo completa a escala ordinal
acrescentando a distância entre os intervalos na escala e a escala de proporção
é aquela que a ordem de classificação dos objetos ou eventos com relação a um
determinado estabelecimento é conhecido,
os intervalos entre os objetos são iguais e são conhecidos e uma origem
única, um ponto zero natural, verifica-se quando a distância a partir dele,
pelo menos, de um objeto é conhecida.
Após conceituar os diferentes
tipos de escalas, Godfrey(2010) aborda que existem três tipos de mensurar algo,
a mensuração fundamental que é aquela que os números podem ser atribuídos à
propriedade por referência às leis naturais e que não dependem da mensuração de
qualquer outra variável, a mensuração derivada é aquela depende de duas ou mais
quantidades e a mensuração autorizada que é a mais utilizada nas ciências
sociais e contabilidade onde utiliza-se uma definição arbitrariamente
estabelecida para relacionar certas propriedades observáveis para um
determinado conceito, sem ter uma teoria confirmada para apoiar esta relação.
Dentre os possíveis tipos de mensuração a contabilidade se encaixa na
mensuração derivada.
Para realizar procedimentos de
mensuração deve-se perceber que nenhuma mensuração é livre de erro, as fontes
de erros podem ser: operações de mensuração indicadas imprecisamente, a pessoa
que vai realizar a mensuração, o instrumento para realizar a mensuração, o
ambiente para realizar a mensuração, o atributo a ser mensurado e os riscos e
incertezas do processo.
Godfrey (2010) complementa que
para realizar mensurações deve se ter confiabilidade, o autor conceitua a
confiabilidade como a consistência comprovada de uma operação ou para produzir
resultados satisfatórios ou os resultados por si só (os números) para uma
utilização particular. Em procedimentos estatísticos a confiabilidade exige que
as mensurações sejam repetíveis ou reproduzíveis, demonstrando assim a sua
coerência.
A
confiabilidade aborda dois aspectos: a precisão/certeza da mensuração e a
representação fidedigna das divulgações em relação às transações econômicas
subjacentes e eventos. Godfrey (2010) complementa que a confiabilidade de uma
mensuração se refere à precisão com que uma propriedade específica é mensurada
através da utilização de um determinado conjunto de operações.
Na
evolução da contabilidade existiram diversos tipos de mensuração, para Godfrey
(2010) essas perspectivas diferentes refletem vários limites de contabilidade e
uma falta de acordo sobre princípios de mensuração, mas com o sistema de
atribuição de custo histórico como o modelo convencional e dominante. Assim, em
2005 o processo de convergência das normas contábeis trouxe o uso (em parte) de
um princípio de mensuração que incide sobre a mudança no valor dos ativos e
passivos ao invés da conclusão de um processo de ganhos.
Além
disso, o processo de convergência trouxe um conceito de avaliação, com o
balanço sendo o maior repositório de informações, a value relevance e os principais usuários da informação contábil
sendo acionistas e investidores
Essa quantidade
de maneiras de mensurar algo também traz para os auditores problemas, pois como
existem diversas maneiras de mensurar algo os auditores enfrentem pressão de
gerentes para concordar com as suas escolhas de avaliação ou então perder a
auditoria para outro auditor que é mais agradável para a empresa.
Como a
contabilidade é considera uma disciplina de contabilidade, temos diversas
escalas de mensuração especificas na contabilidade. Dentre as maneiras de
avaliar um sistema contábil, temos três tipos: o custo histórico, custo
corrente e preço de venda corrente (valor justo).
A
contabilidade que é mensurada a custo histórico adota um conceito de capital financeiro:
o capital é considerado como o investimento nominal na empresa, em vez do poder
de compra do investimento.
Os
defensores do custo histórico abordam que o custo histórico é relevante para a
tomada de decisão, pois para tomar decisões futuras eles precisam entender das
transações passadas, o custo histórico é baseado em transações reais, assim ele
representa o que de fato aconteceu em determinado período, o custo histórico é
menos sujeito a manipulações do que o custo corrente o preço de venda corrente.
Porém os críticos ao custo histórico trazem que que relatar apenas os
rendimentos (que coincide com entradas numa base de custo histórico), sem
reconhecimento da variação do valor de ativos e passivos é enganosa e resulta
em políticas de dividendos incorretas (Godfrey, 2010).
A contabilidade
mensurada a custo corrente difere da mensurada a custo histórico, pois na
mensuração a custo corrente temos que o sistema de contabilidade em que ativos
são avaliados a preços de compra de mercado atuais e o lucro é determinado pela
alocação baseada nos custos correntes (ou seja, custo para comprar).
Os
defensores da mensuração a custo histórico argumentam que a contabilidade de
custo corrente viola o princípio de conservadorismo que um lucro só deve ser
reconhecido na época em que ativo não monetário for baixado. Outro problema que
a mensuração do custo corrente traz é que as maioria das grandes empresas não
consegue determinar o custo corrente de ativos, pois para alguns tipos de
ativos exige uma maior dificuldade de achar o produto no mercado.
Os
defensores do custo corrente apontam que os ganhos de detenção não realizados
representam fenômenos reais de livre circulação que ocorrem no período corrente
e portanto, devem ser reconhecidos se há evidência suficiente para suportar as
variações de preços (Godfrey, 2010).
Já a
mensuração a preço de saída é um sistema de contabilidade que usa preço de
venda em mercados para medir a posição financeira da empresa e desempenho
financeiro. As principais diferenças desse modelo para o custo histórico são: os
valores dos ativos não monetários são ajustados para medir as mudanças nos
preços específicos de vendas de mercado desses ativos e estão incluídos no
resultado como ganhos não realizados e a evolução do poder de compra do
dinheiro são levados em consideração quando se mede o capital financeiro e os
resultados das operações. Godfrey (2010) afirma que a mensuração a preços de
saída e as alterações nos preços de saída também pode ser uma indicação do
risco financeiro da compra de um ativo.
Dentre
as criticas a mensuração a preço de saída é que é que a contabilidade deve
medir eventos passados, aqueles que realmente aconteceram, e não aqueles que
poderiam acontecer se uma empresa faz algo diferente do que foi planejado.
Weston complementa que a mensuração a preço de saída fornece informações
relevantes somente se a empresa planeja liquidar seus ativos, se a empresa
planeja continuar no negócio, a informação mensurada a preço de saída não é
relevante.
Um
ativo pode ser medido através de duas abordagens a abordagem de valor em uso e
a abordagem de valor de troca. Godfrey (2010) aborda que abordagem de valor em
uso utiliza um investidor externo ou uma entidade orientada para a produção
como o índice de referência, essa abordagem se concentra na obtenção de resultados
mais eficientes de ativos em uso e não considera adaptabilidade como uma opção.
Já abordagem por valor de troca tem o ponto de vista de um gerente interno ou
credor que tem de tomar decisões relacionadas com a liquidez da empresa e o
poder de compra atual; isto é, o rendimento a curto prazo da empresa é mais
importante (Godfrey,2010).
Dentre
todos as bases de mensuração adotadas, a mensuração mais comumente adotadas por
entidades em preparar seu relatório financeiro é o custo histórico, geralmente
combinado com outras bases de mensuração (Godfrey,2010). Porém, não são
fornecidas orientações sobre como selecionar a base apropriada, novamente
criando inconsistências em relatar práticas. Apesar disso o IASB reconhece que
a questão da mensuração é uma das zonas mais “subdesenvolvidas” na estrutura
conceitual.
Apesar
da contabilidade ser considerada uma disciplina de mensuração, para Musvoto e
Gouws (2010) não há evidências que suportem essa afirmação. Apesar da
contabilidade possuir escalas de mensuração o estudo de Musvoto e Gouws (2010)
mostrou que não há escalas de mensuração especificas na contabilidade.
Os
autores complementam que não existem atribuições numéricas na contabilidade que
atendam um critério de uma verdadeira escala de medição, trazendo assim uma
duvida quanto a questão da contabilidade ser uma disciplina de mensuração.
Musvoto (2011) complementa que o conceito contábil de mensuração não é
compatível com os princípios científicos de mensuração.
O
estudo de Musvoto (2011) evidenciou que a literatura contábil considera o
conceito de mensuração fundamental para a elaboração das demonstrações
financeiras. Porém, não considera a elaboração de demonstrações financeiras
como possível na ausência de mensuração.
A literatura contábil
apresentada no estudo de Musvoto (2011) e Musvoto e Gouws (2010) mostra que uma
precisão nas medições contábeis que é inconsistente com o conceito de medição.
Pois a medição nunca é mais do que uma aproximação e todas as medições contêm
algum tipo de erro.
Musvoto
(2011) complementa que não existe teoria de mensuração contábil que incorpore
os objetivos dos processos de medição. Tornando assim os objetivos das
demonstrações financeiras vagos e sujeitos a interpretação e, consequentemente,
não possuem limites claros de interpretação.
E você concorda que não existe uma teoria da mensuração contábil? Deixe seu comentário.
REFERÊNCIAS:
GODFREY,
J.; HODGSON, A.; TARCA, A.; HAMILTON, J.; HOLMES, S. Accounting theory.
7.ed New York: Wiley, 2010. Capítulos 5 e 6.
MUSVOTO,
S. W. The Role Of Measurement Theory In Supporting The Objectives Of The
Financial Statements. International Business & Economics Research
Journal. v. 10, n. 8, 2011.
MUSVOTO, S. W.; GOUWS,
D. The concept of a scale in accounting measurement. South African Journal
of Economic and Management Sciences. v. 13, n. 4, pp. 424 – 436, 2010
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