sexta-feira, 11 de maio de 2018

Hipótese da Eficiência do Mercado



A Hipótese da Eficiência de Mercado (HEM) é um assunto rotineiramente debatido quando se trata de finanças. Apresentada inicialmente no seminal de Eugene Fama (premiado em 2013 com o “Nobel” da Economia) intitulado “Efficient capital markets: a review of theory and empirical work”, a ideia de eficiência aqui apresentada está relacionada a capacidade de um ativo (no caso, uma ação) refletir as informações públicas disponíveis sobre ele. Logo, a eficiência de mercado refere-se a forma como as cotações refletem estas informações públicas.
Existem três condições para que o mercado seja eficiente, essas são: Não há custos de transação em títulos negociáveis; toda a informação disponível, está disponível gratuitamente a todos os participantes do mercado; todos concordam com as implicações da informação atual para o preço atual e distribuições de preços futuros de cada título.
Para tanto, Fama (1970) afirma que os mercados podem ser classificados, na perspectiva da eficiência, em três formas: fraca, semiforte e forte.
Na forma fraca o mercado incorporaria completamente as informações os preços passados dos títulos. Dentro deste modelo temos a concepção de Random Walk (ou “caminhada aleatória”), que se baseia em duas hipóteses distintas: a) o preço atual de um título reflete toda a informação disponível, indicando que os movimentos dos preços no tempo são séries de números aleatórios e; b) as mudanças de preços obedecem à mesma distribuição de probabilidade (Fama, 1970). Neste caso, não poderíamos obter retornos anormais tendo como fonte de informação apenas os preços passados, pois como vimos tal preço é uma caminhada aleatória.
Na forma semiforte os preços não refletiriam apenas o histórico do comportamento de preços, como também todas as informações disponíveis publicamente (Fama, 1970). Dentro dessa forma temos a ideia de Fair Game, fundamentado na ideia de que o preço de hoje é igual o preço de amanhã. Logo, o retorno esperado sempre seria zero. Neste sentido, os investidores não conseguiriam obter retornos anormais, já que os preços das ações se ajustam rapidamente.
Por último temos a forma forte, neste caso o mercado é eficiente no sentido forte quando engloba, além das informações publicamente disponíveis e dos históricos dos preços, as não disponíveis. Engloba, portanto, todas as informações sobre um ativo.
Entretanto, na prática, existem várias situações que não corroboram com a hipótese apresentada por Eugene Fama. Tais situações são conhecidas como anomalias, que podem ser classificadas em dois tipos: anomalias de calendário e anomalias de valor.
Dentre as anomalias de calendário destacam-se o “Efeito segunda-feira”, onde os retornos na segunda-feira são menores que nos demais dias, em virtude das companhias geralmente divulgarem as más notícias nos finais de semana, além do “Efeito Janeiro”, onde os retornos de janeiro tendem a ser maiores do que nos demais meses. Dentre as anomalias de valor destacam-se o “Efeito tamanho”, onde os retornos ajustados de ações de empresas pequenas são maiores que empresas de maior tamanho, além do “Efeito do índice P/L”, onde os retornos ao risco da ação com baixo índice de P/L são maiores que os previstos por modelos de equilíbrio de mercado.
Malkie (2003) afirma ser impossível descartar a existência de fatores comportamentais ou psicológicos na precificação de ativos. Além disso, o autor afirma que os preços das ações podem ser altamente sensíveis, como resultado de respostas racionais a pequenas mudanças nas taxas de juros e diferentes percepções de risco. Assim, o autor ainda destaca que enquanto existirem bolsas de valores, haverá decisões que nem sempre são 100% racionais. Diante disto,
Diante dessa influência comportamental e psicológica temos os estudos das finanças comportamentais, onde, em contraponto as finanças “tradicionais”, acredita que os indivíduos não são, como preconiza a hipótese do mercado eficiente, 100% racionais. Ou seja, não acredita na ideia do Homo economicus, idealizado pelos teóricos.
Assim, qual é sua opinião? Considerando os recentes casos de Insider Trading (como o caso de Joesley Batista), as ações das companhias listadas no mercado acionário brasileiro refletem, de fato, as informações públicas disponíveis?

Referências

FAMA, E. F. Efficient capital markets: a review of theory and empirical work. The Journal of Finance, Chicago: American Finance Association, v. 25, n. 2, p. 383-417, May 1970.

MALKIEL, Burton G. The efficient market hypothesis and its critics. Journal of economic perspectives, v. 17, n. 1, p. 59-82, 2003.




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