Valor e Responsabilidade Socioambiental

O campo da responsabilidade corporativa é muito amplo, Carroll (1999) propõe uma visão mais abrangente, que inclui a cidadania empresarial dentro do ambiente de responsabilidade corporativa. O autor define quatro dimensões da responsabilidade social corporativa: econômica, legal, ética e filantrópica.

Neste sentido observa-se que a responsabilidade socioambiental está atrelada a práticas socialmente responsáveis que a empresa possui com a sociedade e consequentemente com o ambiente, propondo assim atividades que sejam éticas e legais para o ambiente e para sociedade.

Assim, muitas empresas passam a realizar atividades socioambientais para ter uma melhor visão no mercado, ou quando suas atividades causam algum impacto no meio ambiente e as empresas passam a realizar atividades para recuperar o espaço que a mesma degradou, sendo assim a atividade socioambiental pode ser uma estrategia da empresa para melhorar seu valor no mercado.

O valor de uma empresa é o valor real do ativo, ou seja, o valor de um ativo sem o impacto de nenhuma avaliação externa, apenas os resultados internos da empresa, como o rendimento do seus ativos e suas receitas/despesas (DAMODARAN, 2002).

Na literatura cientifica alguns estudos analisaram a relação entre a divulgação de informações socioambiental e o valor das empresas,o estudo de Cecon, Hein, Kroenke & Neto (2017) evidenciou uma associação positiva a divulgação socioambiental com o valor de mercado das empresas brasileiras de alto impacto ambiental, e, além disto, apresenta um aumento no grau de associação da divulgação de informações socioambiental com o valor de mercado do ano de 2014 para o ano de 2015.

A partir disso observamos que existe uma relação entre a divulgação de informações socioambientais e o valor das empresas.
No dia 25/01/2019 houve um acidente em uma barragem em Brumadinho (MG) da empresa VALE, a partir disso a empresa VALE sofreu uma perda de valor grande que são evidenciada nas imagens abaixo.

Neste caso, não houve uma divulgação socioambiental da empresa afirmando dos possíveis problemas em suas barragens, sendo assim os investidores ficaram com medo em virtude das mudança das expectativas em relação aos fluxos de caixas da empresa.
Destaca-se ainda que as praticas sustentáveis da empresa também podem falhar, como foi no caso da Barragem de Brumadinho, levando assim a danos sociais e ambientais para a região do desastres. Esses desastres levam a criação de provisões, pagamento de multas e afins, levando assim a diminuição do valor da empresa consequentemente o investidor pode vir a se desfazer das ações da empresa, como foi no caso da empresa Vale que teve a pior desvalorização em um dia da historia da B3. 

Teoria da Legitimidade e o Serviço Público

A teoria da legitimidade baseia-se na ideia de que existe uma espécie de contrato social entre as organizações e a sociedade em que atuam, representando um conjunto de expectativas implícitas ou explícitas de seus membros a respeito da forma como elas devem operar (Dias Filho,2007).

Neste sentido, temos que a continuidade de uma organização depende da sua atuação perante as expectativas da sociedade, logo é de esperar que a organização se esforce para que suas atividades sejam legitimas.

Fonte: Adaptado de Deegan (2006)

Assim, associando a teoria da legitimidade ao serviço público, temos que os governantes seja m eles de qual esfera for, tem que legitimar sua atuação perante a sociedade e aos seus eleitores.

Existem diversas estratégias que os governantes usam para se legitimar, Portal, Menegotto, Camargo, Pacheco e Motta (2015) evidenciam três estratégias principais utilizadas por pessoas que precisam se legitimar, a primeira é manipular a percepção social ao associar um símbolo do governo a uma instituição que possua uma forte base de legitimidade, a segunda é modificar as expectativas externas para ficar de acordo com o desempenho do governo e a terceira é alterar a definição de legitimidade para coincidir com as praticas de legitimidade utilizadas no governo.

Assim, percebe-se que o serviço público precisa se legitimar perante a sociedade, a partir disso traremos alguns possíveis casos de teoria da legitimidade e o serviço público.

A charge acima mostra o antigo Presidente Temer e o antigo Ministro da Fazenda Henrique Meireles, o então presidente estava com baixos índices de aprovação e o Brasil passava por problemas internos, neste sentido para fim de se legitimar na conferência de Davos ele envia o então então ministro da fazenda para representar o Brasil na conferência,  percebe-se que o presidente utilizou a estratégia de associar de associar o governo a uma pessoa que possuía uma forte base de legitimidade no mercado.

Na figura acima observa-se que um determinado prefeito no estado da Paraíba tentou se legitimar simulando a inauguração de um posto de saúde antes da eleição, para que assim ele cumprisse a expectativa da sociedade e conseguisse possíveis votos.

Assim, percebemos que a teoria da legitimidade tem uma relação com a atuação do serviço público e você tem algum outro caso que pode ter uma relação com a teoria da legitimidade?

Teoria das Escolhas Públicas e os Primeiros dias de Mandato do Presidente Bolsonaro

A Teoria das Escolhas Públicas é uma das teorias que a contabilidade faz uso para fundamentar aspectos teóricos em suas pesquisas, essa teoria segundo Pereira (1997) evidência que as decisões políticas e econômicas dos governos estão sujeitas a um conjunto de poderes repartidos por diferentes agentes com funções diferentes no sistema político.

Neste sentido, através da figura observamos que o governante, seja ele a nível municipal, estadual ou do país, sofre influência desses grupos e também de outros.

Em um período de inicio de governos, observamos que podem existir diversos casos onde determinado governante pode vir a recompensar antigos apoiadores com cargos políticos afim de recompensar o apoio realizado no passado.

Hill (1999) aponta três razões básicas que levam à conclusão que governos podem ser ineficientes.

A primeira delas é o efeito racional da ignorância, esse efeito vai mostrar que os eleitores terão pouco incentivo para buscar informações sobre os candidatos/governantes, essa situação pode acontecer devido a falta de mudanças nos candidatos, onde determinada família troca de cargos, dentre outros possíveis motivos.

A segunda razão é o efeito especial do interesse, esse efeito vai mostrar que o processo político é favorável a questões que concentram benefícios a determinados grupos, ou seja, em um processo de eleição que deveria ter como finalidade o bem comum, a eleição tem o foco em determinados grupos.

E a terceira razão é o efeito miopia, esse efeito mostra que os políticos tendem a apoiar ações que tenham resultado imediato e que os seus benefícios sejam facilmente reconhecido pela sociedade, inúmeros exemplos podem ser citados como reformas em parques, pavimentações em ruas, entre outros.

  

As figuras acima, mostram possíveis casos relacionados a teoria da escolhas públicas, onde o atual presidente Bolsonaro nomeou o dono da agência que foi vinculada a disparos na eleição para um cargo na sua equipe de transição e a promoção do filho do Vice Presidente Mourão no Banco do Brasil, porém existem outros, em diversos outros governos, nas três níveis de governo.

Assim, dentro do estudos das teorias da escolha pública, Cruz (2011) afirmou que os políticos não estão a considerar primeiramente as necessidades da população, mas sim a vontade deles mesmos, sendo o fator principal disso é que as decisões públicas são executadas pelos representantes da população e não pelo povo.

Por fim, temos que essas decisões de beneficiar determinados grupos podem trazer uma piora na qualidade da informação contábil, pois o gestor público pode vir a manipular a informação contábil para que a população não perceba que suas decisões estão voltadas a atender determinado ou alguns grupos de interesse e não a sociedade de forma geral.

E você leitor do olhar contábil conhece outros casos relacionados a essa teoria? Comente aqui.