Riahi-belkaoui
(2000) aborda que as normas de contabilidade são regras firmes, essas normas
consistem em três partes: uma descrição do problema, uma discussão fundamentada
sobre como resolver o problema e a solução.
Edey divide as
normas de contabilidade em quatro tipos: o primeiro tipo afirma que os
contadores devem dizer aos usuários o que eles estão fazendo, revelando seus
métodos e suas políticas contábeis, o segundo tipo visa atingir um certo grau
de uniformidade na apresentação das demonstrações contábeis, o terceiro tipo aborda
que o usuário pode ser chamado para exercer seu julgamento sobre um determinado
assunto e o quarto tipo aborda sobre decisões implícitas ou explicitas sobre
assuntos contábeis.
Dentre as diversas
boas razões para o estabelecimento das normas temos que as normas fornecem aos
usuários informações contábeis sobre a posição financeira, desempenho e conduta
da empresa, essa informação tem que ser clara, consistente e comparável, as
normas fornecem aos contadores diretrizes sobre políticas contábeis e geram
interesse em princípios e teorias da contabilidade.
Riahi-Belkaoui
(2000) aborda que a promulgação de uma norma contábil pode beneficiar alguns
usuários e prejudicar outros. Riahi-Belkaoui (2000) complementa que existem três
abordagens para política contábil: a abordagem fidelidade representacional, a
abordagem das consequências econômicas e da abordagem crítico-interpretativa, a
primeira favorece relatórios neutros e a busca por representações fidedignas
através da normatização, a segunda abordagem evidencia que as normas são
promulgadas quando tem um impacto social positivo ou ao menos um impacto não
negativo e a terceira abordagem sustenta que o relatório contábil deve ser
usado como um instrumento de mudança social, mesmo quando a mudança social que
venha a acontecer seja radical.
No processo de
normatização existem diversos atores que participam, nos Estados Unidos
diversos foram os autores, dentre ele destaca-se as empresas de contabilidade,
o American Institute of Certified Public Accountants (AICPA), a American Accounting Association (AAA), o
Financial Accounting Standards Board
(FASB), a Securities and Exchange
Comission (SEC) e diversas outros usuários da informação como os
proprietários das empresas, autoridades fiscais, bancos e fornecedores.
Dentre as teorias
da contabilidade, temos as teorias que falam sobre a normatização contábil. Riahi-Belkaoui
(2000) divide essas teorias da regulamentação em duas categorias: as teorias de
interesse público e as teorias dos grupos de interesse.
As teorias de
interesse público são focadas principalmente na proteção e beneficio do
público, elas são criadas em resposta a demandas de determinado grupos para a
correção de preços no mercado. As teorias de grupo de interesse sustentam o
processo de regulamentação como uma resposta a exigências de determinados
grupos de interesse, a fim de maximizar o rendimento desses membros.
Godfrey et
al.(2010) traz que as teorias da regulamentação são três: a teoria do interesse
público, a teoria da captura regulatória e a teoria do interesse privado.
A
teoria do interesse público surge com a falha do mercado, essa falha no mercado
ocorre quando existem falhas nas condições de operação em um mercado
competitivo, ou seja, existe assimetria da informação.
A
teoria da captura regulatória, aborda que o proposito da origem da
regulamentação é proteger o interesse público, porém esse propósito nem sempre
é alcançado já que no processo de regulamentação o regulador vem a controla o
regulado, assim , a visão da teoria de captura mostra as entidades reguladas
como prevalecentes na luta pela influência da legislação, onde os propósitos originais
de um programa regulatório são mais tarde frustrados através dos esforços do
grupo de interesse (Godfrey et al.,2010).
A
teoria do interesse privado teoria surgiu em resposta à insatisfação com as
explicações fornecidas tanto pelo interesse público como pelas teorias de
captura, assim, a teoria do interesse privado surge como uma resposta ao
governo.
Além
disso, temos a teoria da ideologia da regulação, que segundo Kothari, Ramanna e
Skinner (2010) essa teoria também se baseia nas falhas do mercado como as
teorias anteriores, porém se difere pois nessa teoria temos a entrada do lobby com um aspecto que influencia a
regulamentação.
Assim, apesar da
existência da teorias da regulação existem dois grupos, um que apoiam a
regulamentação da contabilidade e outros que não defendem. Os que defendem a
regulamentação usam o argumento que existem falhas no mercado (assimetria da
informação) e existe a necessidade de alcançar objetivos sociais. Para Kripke a
não regulamentação da contabilidade algumas consequências, dentre elas temos
que a não regulamentação deixaria a contabilidade menos uniforme, pois
existiriam diversos pontos de vistas diferentes, porém a divulgação continuaria
em virtude das pressões dos usuários da informação.
A regulamentação
das normas contábil atingiu diversos setores. Porém da mesma maneira, existem
os grupos a favor e contrários a regulamentação desses setores.
Os defensores da
normatização no setor privado citam que o FASB (no caso americano, no Brasil
seria o CPC) é composto por diversos membros, assim todos os usuários teriam
sua representação e os comitês possuem membros com alto conhecimento técnico.
Já os opositores abordam que os comitês de normas não têm poder de autoridade e
aplicação legal, enfrentando assim desafios com um congresso ou uma agência
governamental, além da falta de independência pois os comitês têm como membros
profissionais de grandes empresas de contabilidade e auditoria e fazem lobby
para determinadas normas.
Para
Riahi-Belkaoui (2000) a legitimidade do processo de normatização foi por vezes
ligada à sua capacidade de produzir um sistema de contabilidade ideal, que é
aquele para o qual o retorno esperado para um usuário, empregando uma
estratégia de decisão ótima é maior ou igual ao pagamento correspondente para
qualquer outro sistema alternativo.
Esse processo de
normatização, gerou um termo chamado de “sobrecarga”, Riahi-Belkaoui (2000)
afirma que a sobrecarga de normas de contabilidade é geralmente associada com a
proliferação de normas de contabilidade, ou seja, a existência de demais
normas, com padrões bem detalhados e sem ter padrões rígidos.
Essa sobrecarga de
informações está trazendo alguns problemas, dentre eles Riahi-Belkaoui (2000)
evidencia que os usuários também podem ficar confusos com o número e a
complexidade das divulgações realizadas para explicar os requisitos decorrentes
das normas existentes. Além disso, o autor destaca que os usuários de
relatórios financeiros de pequenas empresas estão preocupados com a complexidade
introduzida pelos pronunciamentos Financial
Accounting Standards Board, além dos usuários internos como os gerentes que
devido ao grande número de normas, a informação divulgada pode vir a ser
prejudicada.
O processo de
normatização em países em desenvolvimento não segue uma estratégia única dentre
esses países. Riahi-Belkaoui (2000) cita quatro estratégias que podem sem
identificadas no processo de normatização em países em desenvolvimento: a
abordagem evolutiva, desenvolvimento através da transferência de tecnologia de contabilidade,
a adoção de normas internacionais de contabilidade e o desenvolvimento de
normas de contabilidade com base na análise dos princípios e práticas contábeis
nas nações avançadas contra o pano de fundo do seu investimento subjacente.
O termo Generally Accepted Accounting Principles
(GAAP) significa Princípios Contábeis Geralmente Aceitos. Para Kothari, Ramanna
e Skinner (2010) o objetivo do GAAP é facilitar a alocação de capital eficiente
na economia, essa alocação de capital eficiente é conceituada como o fluxo de
capital para a maximização de valor.
Porém existem três
ressalvas quanto ao GAAP, a primeira é que os reguladores e organismos de
normatização nem sempre podem agir para nova atribuição por causa de pressões
políticas, a segunda é que nas análises se escolhe a segunda melhor opção, em
virtude da opção fora do GAAP ser mais cara e a terceira é uma questão
empírica, pois a teoria doa GAAP implícita na literatura baseada economia explica
e prevê muitas convenções de contabilidade que têm valor de sobrevivência de
longo prazo no relatório financeiro.
Para Kothari,
Ramanna e Skinner (2010) os relatórios que são regulados não são
necessariamente GAAP’s, ou seja, GAAP’s econômico podem surgir através de melhores
práticas em mercados competitivos.
Na opinião de Kothari,
Ramanna e Skinner (2010) a regulamentação das informações financeiras é
motivada pela preocupação com o investidor médio, desinformados ou pouco
sofisticado, pois esses usuários sofrem mais com a assimetria da informação.
Dentre os
problemas do GAAP, temos que o GAAP contem informações apenas sobre o
desempenho das empresas no período corrente, e os investidores necessitam de
informações do período corrente e prognósticos futuros para realizar valuations. Ryan (2006) afirma que o GAAP está ligado ao
conservadorismo condicional, o conservadorismo condicional é conceituado como o
reconhecimento mais oportuno de notícias ruins do que boas notícias nos lucros futuros.
Por fim Kothari, Ramanna e Skinner (2010) afirmam que que na prática o GAAP é o
resultado do equilíbrio econômico e forças políticas.
Dentro do contexto
de regulamentação/normatização temos o conceito de escolha contábil, conceito
esse que segundo Fields, Lys e Vicent (2001) uma escolha contábil é qualquer
decisão cuja finalidade principal seja influenciar (na forma ou na substância)
a saída do sistema contábil de uma maneira particular, incluindo não apenas as
demonstrações financeiras publicadas de acordo com o GAAP, mas também
declarações fiscais e registros regulatórios.
Assim, observa-se
escolha contábil entra no debate entre normas ou princípios, e essa escolha
contábil vai depender do benefício e do custo de escolher seguir uma norma ou princípio.
Onde, as regras são procedimentos que os contadores e profissionais da
contabilidade tem que realizar tal procedimento sem realizar o julgamento sobre
o ato a ser realizado e quanto aos princípios os contadores e profissionais da
contabilidade devem realizar julgamentos para escolher a opção.
REFERÊNCIAS:
RIAHI-BELKAOUI,
A. Accounting theory. 4th ed. London: Cengage Learning, 2000.
GODFREY,
J.; HODGSON, A.; TARCA, A.; HAMILTON, J.; HOLMES, S. Accounting theory. 7.ed
New York: Wiley, 2010.
KOTHARI,
S. P.; RAMANNA, K.; SKINNER, D. J. Implications for GAAP from an analysis of
positive research in accounting. Journal of Accounting and Economics. v. 50, p.
246-286, 2010.
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