quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Qualidade da Informação: Persistência e Conservadorismo


O artigo de Basu (1997) trata sobre o princípio do conservadorismo e a assimetria dos ganhos. Basu conceitua o conservadorismo como algo que captura a tendência dos contadores de exigir um maior grau de verificação para reconhecer boas notícias do que más notícias nas demonstrações financeiras. O autor complementa trazendo que os lucros refletem as más notícias mais rapidamente do que boas notícias.
Dentre as previsões de Basu (1997), a primeira é  que os ganhos são mais oportunos ou concorrentemente sensível ao refletir "notícias ruins" publicamente disponíveis do que "boas notícias", a segunda é que e a associação concorrente entre ganhos e retorno é relativamente mais forte do que a associação concomitante de fluxo de caixa e retorno para as "más notícias" publicamente disponíveis, em comparação com as "boas notícias" ,a terceira é que aumentos inesperados nos lucros são mais prováveis de serem persistentes, enquanto declínios inesperados nos ganhos são mais prováveis de serem temporários e a quarta e ultima previsão é que o retorno anormal por dólar de ganhos inesperados é menor para 'notícias de ganhos ruins' do que 'boas notícias de ganhos.
Basu evidencia que que os lucros são mais oportunos do que o fluxo de caixa, refletindo principalmente as "más notícias". Assim, as mudanças negativas nos lucros são assimetricamente menos persistentes do que as mudanças positivas nos lucros por causa do conservadorismo.
Basu afirma que conservadorismo na contabilidade é o reconhecimento mais oportuno nos ganhos de más notícias em relação aos fluxos de caixa futuros do que boas notícias. Em mercados eficientes, as ações retornam simetricamente e refletem rapidamente todos as notícias disponíveis.
Dentre os resultados de Basu (1997) temos que os lucros são mais oportunos no relato de "más notícias" publicamente disponíveis sobre fluxos de caixa futuros do que "boas notícias". Além disso, Basu evidencia que o conservadorismo atue por meio de accruals, levando a diferenças previsíveis nas propriedades do fluxo de caixa e dos lucros.
Por fim, Basu (1997) traz que os testes revelaram que a sensibilidade dos lucros a retornos negativos concorrentes aumentou em relação à sensibilidade dos lucros a retornos positivos concomitantes nas últimas três décadas, sugerindo que o conservadorismo aumentou ao longo do tempo.
O artigo de Watts (2003a) e Watts (2003b) falam sobre o conservadorismo na contabilidade. O primeiro artigo fala sobre explicações alternativas para o conservadorismo na contabilidade e suas implicações para a contabilidade reguladores. E o segundo artigo resume a evidência empírica sobre o conservadorismo, sua consistência com explicações alternativas e oportunidades para futuras pesquisas. 
Watts (2003a) traz que antecipar lucros significa reconhecer lucros antes que haja reivindicação legal às receitas que os geram e as receitas são verificáveis. O conservadorismo não implica que todos os fluxos de caixa da receita devam ser recebidos antes que os lucros sejam reconhecidos, mas, em vez disso, esses fluxos de caixa devem ser verificáveis.
Watts (2003a) complementa evidenciando que o conservadorismo é o requisito de verificação assimétrica para ganhos e perdas. Para o autor essa interpretação permite graus de conservadorismo: quanto maior a diferença grau de verificação necessário para ganhos versus perdas, maior o conservadorismo.
A influência do conservadorismo na prática contábil tem sido longa e significativa. Basu (1997) argumentou que o conservadorismo influenciou a prática contábil por pelo menos cem anos. Sterling (1970) complementa que o conservadorismo é o principio mais influente na pratica contábil.
Diversas são as pesquisas que mostram que o conservadorismo beneficia os usuários da informação contábil. Watts (2003a) argumenta que uma das explicações é que O conservadorismo surge porque faz parte da tecnologia eficiente empregada na organização de a empresa e seus contratos com várias partes. O autor complementa trazendo que sob essa explicação contratual, os conservadorismo contábil é um meio de lidar com o risco moral causado pelas partes da empresa que informação assimétrica, payoffs assimétricos, horizontes limitados e responsabilidade limitada.
Watts (2003a) evidencia que na prática, o conservadorismo mais do que compensa o viés gerencial e, em média, lucros e subtrai o lucro acumulado e o patrimônio líquido. Assim, nos contratos estes efeitos aumentam valor da firma porque eles restringem os pagamentos oportunistas das administrações a si mesmos e a outros partes, como acionistas. Nesse sentido, Watts (2003a) aborda que o conservadorismo é uma contratação eficiente mecanismo.
Watts (2003a) aborda que o conservadorismo é encorajado pela contratação, litígio e custos políticos é consistente com uma aversão geral a pagamentos oportunistas a gerentes e outras partes. Além disso, o autor evidencia que a aplicação consistente da verificabilidade assimétrica - conservadorismo - tenderá a compensar viés de ganhos positivos da administração. Porém, a contratação sugere que a perspectiva da informação deve ir além e empregar o conservadorismo para gerar um viés de baixa nos ativos líquidos.
Watts (2003b) resume as evidências empírica sobre a existência do conservadorismo, o aumento do conservadorismo ao longo do tempo e o conservadorismo explicações alternativas. 
Watts (2003b) traz que uma das evidências do conservadorismo sugere que a verificabilidade assimétrica é fundamental para restringir a manipulação e a fraude. Complementando Basu (1997), Watts (2003b) traz que o conservadorismo existe e aumentou nos últimos tempos.
As medidas desempenham um importante papel em testar as explicações alternativas conservadorismo, dentre elas, o estudo de Watts(2003b) abordam as seguintes medidas de desempenho: contratação, litígio, tributação e regulação contábil.
Watts (2003b) que para medir o conservadorismo são utilizadas três medidas: medidas de ativos líquidos, ganhos e medidas de accruals e medidas de relação de resultados/retorno de ações.
Quanto as medidas de ativo líquidos, Watts (2003b) aborda que o valor de mercado dos ativos e passivos que compõem os ativos líquidos muda a cada período, mas todas essas mudanças não são registradas nas contas e nos relatórios financeiros. Assim, segundo Watts (2003b) sob o conservadorismo, os aumentos nos valores dos ativos (ganhos) que não são verificáveis ​​não são registrados enquanto diminuições de verificabilidade similar são registradas. Dentre as medidas de ativo líquido, temos as medidas de modelos de avaliação, medidas de book-to-market.
Quanto as medidas de ganhos e medidas de accruals, Watts (2003b) aborda que o conservadorismo implica que os ganhos tendem a ser mais persistentes do que as perdas. O autor complementa que aumentos não verificáveis ​​nos valores dos ativos (ganhos) não são reconhecidos no momento em que ocorrem, mas em períodos futuros, à medida que os fluxos de caixa que geram esses aumentos são realizados.
Watts (2003b) evidencia que o conservadorismo sugere perdas, com a capitalização dos fluxos futuros, geram mais accruals muito grandes do que ganhos. O autor prevê que distribuições negativamente distorcidas de acréscimos e ganhos e sugere estimativas da assimetria negativa das distribuições dos ganhos, das variações dos lucros e accruals são medidas de conservadorismo.
Quanto as medidas de retorno de ações, Watts (2003b) aborda que preços do mercado de ações tendem a refletir as mudanças no valor dos ativos no momento em que essas mudanças ocorrem se essas alterações implicam perdas ou ganhos no valor do ativo. Como o conservadorismo prevê que as perdas contábeis são registradas em tempo hábil, mas os ganhos não são, as perdas contábeis são previstas para serem mais contemporâneas retornos das ações do que os ganhos contábeis.
Watts (2003b) conclui que há razões para acreditar que estas quatro explicações não são independentes, que o conservadorismo é impulsionado por uma preocupação com pagamento excessivo por partes contratantes, tribunais e governo. As evidencias de Watts (2003b) não descartam o gerenciamento de resultados ou os efeitos da opção de abandono, mas sugere os efeitos do conservadorismo são mais difundidos.
O artigo de Ball e Shivakumar (2005) abordou a qualidade dos ganhos em empresas do Reino Unido, focando o reconhecimento tempestivo das perdas.
Ball e Shivakumar (2005) interpretaram a qualidade do relatório em termos abstratos como a utilidade do declarações a investidores, credores, administradores e todas as outras partes contratantes a empresa. 
Dentre os resultados de Ball e Shivakumar (2005) temos que que o reconhecimento oportuno de perdas é substancialmente menos prevalente empresas privadas do que em empresas públicas. Além disso, Ball e Shivakumar (2005) abordam que a qualidade e a utilidade diferem da eficiência, porque não abordam a otimização. Os autores complementam que aa qualidade inferior não implica sub-otimalidade porque pode surgir de uma menor demanda ou custo mais alto de fornecendo qualidade. Os autores evidenciam que que os resultados não devem ser interpretados como apoiando regulamentação dos relatórios financeiros por empresas privadas, muito pelo contrário, a hipótese é que a menor qualidade dos ganhos nas empresas privadas é um resultado ótimo no mercado de relatórios financeiros, não uma falha no fornecimento.
Ball e Shivakumar (2005) evidenciam que a atualidade do reconhecimento de perda é um indicador de resumo da velocidade com quais eventos econômicos adversos são refletidos nas demonstrações de resultados e balanços patrimoniais e, portanto, é um atributo importante da qualidade dos lucros.
Além disso, Ball e Shivakumar (2005) evidenciaram que consistentemente que os lucros das empresas privadas são de fato menores qualidade, em média, apesar de estar preparada sob os mesmos regulamentos. Os autores interpretaram a qualidade como a utilidade de demonstrações financeiras para os investidores, credores, gerentes e todas as partes contratando com a empresa. 
Por fim, Ball e Shivakumar (2005) evidenciaram que os resultados apoiam a hipótese de que as demonstrações financeiras são bens econômicos e suas propriedades - incluindo a qualidade dos ganhos - são determinadas principalmente pela usos econômicos aos quais são colocados. Assim, menor qualidade de ganhos, em média, no setor privado firmas não implica o fracasso das normas de contabilidade ou auditoria, ou a necessidade de regulamentação mais rigorosa dos relatórios financeiros por empresas privadas, ou que práticas de relatórios são sub-ótimas. A interpretação dos autores é que a diferença a qualidade média dos ganhos entre empresas públicas e privadas é um resultado de equilíbrio no mercado de relatórios financeiros corporativos, refletindo diferenças na demanda por relatórios financeiros entre empresas privadas e públicas, e é que não é uma falha fornecem.
Então, qual é sua opinião? Persistência e Conservadorismo são fontes de qualidade da informação contábil?

REFERÊNCIAS:

BASU, Sudipta. The conservatism principle and the asymmetric timeliness of earnings. Journal of Accounting and Economics, v. 24, n. 1, p. 3-37, 1997.

WATTS, Ross L. Conservatism in accounting part I: explanations and implications. Accounting Horizons, v. 17, n. 3, p. 207-221, Sep. 2003a.

WATTS, Ross L .Conservatism in accounting part II: evidence and research opportunities. Accounting Horizons, v. 17, n. 4, p. 287-301, dec. 2003b.

BALL, Ray; SHIVAKUMAR, Lakshmanan. Earnings quality UK private firms: comparative loss recognition timeliness. Journal of Accounting and Economics, v. 39, n. 1, p. 83-128, 2005.

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